AMAR

Vieste tarde, noite nascida, choraste o que quiseste ser, o que te ficou por ser, vendeste-me o medo, suma utopia: Temo-me.
Foi um homem e mais um homem, só um homem e o um homem no cume de uma ponte por cair, dois espaços de carne sem caminho, o voo, a tentação:Ir.
Sou-te como os dedos são da mão, como os dentes são da boca, como é ver dos olhos, como nada ser a volta do que és: Só.
Temo-me na certeza da incapacidade, na ferida de uma impotência, na folha branca sem tinta, na estrada sem atalho, temo-me no mesmo palco onde vais, atrás do instante onde já fugiste: Temo-te
Ir aconteceu, mero destino, cruzaram os braços, silêncio, tudo dialogado no debate de dois cadaveres a crescer, sem magia, sem despedida, um passo a frente, aconteceu: Foram.
Só, uma sensação, apenas eu, ar refeito no gelido calor da indiferença, sabor a nada no presente de um tudo, o desempenho das tuas costas, o poema dos teus labios despidos, sombra branca sob o tecto despido da tua ausencia: Amar
Rompo memórias de partilhas, tus em ti nos panos rasgados de só para mim, nada ter nada para dividir, sabes que resto onde tu restas, TU: AMO-TE
Correm nas ruas que nao pisam, nas imagens que nao olham, no abraço que nao apertam, correm nas veias que nao correrem, na existencia de nao existirem, correm cansados sem se cansarem, sem o respirar cortado de uma corrida a prazo, correm amados, sem correr. sem viver, correm: AMAM.
AMAR: recurso estilistio do sofrer; sonhas: com o lado positivo do que te doí; mas na verdade: doer é o lado positivo do que AMAS.
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